terça-feira, 3 de junho de 2014

ENTREVISTA EXCLUSIVA DO JC NET (JORNAL DE BAURU) COM EDDIE ELGUERA

Skate: pai das manobras!

Bicampeão mundial, Eddie ‘El Gato’ Elguera visita Bauru e conta como o skate 

transformou sua vida.


Precursor do skate moderno, o californiano Eddie Elguera, mais conhecido como ‘El Gato’, segue firme na modalidade. Depois de ser bicampeão mundial no vertical, em 1979 e 1980, Elguera passou por um período complicado, envolvido com drogas e álcool, mas converteu-se ao cristianismo e atualmente, aos 52 anos, divide o tempo entre as pistas e os cultos, onde é pastor.
O bicampeão esteve ontem em Bauru, na sede da Igreja Batista do Jardim Bela Vista, que desenvolve trabalho junto a 200 jovens skatistas. Ele conversou (um pouco em inglês, um pouco em português) com os bauruenses e também demonstrou sua habilidade na pista existente no local. Elguera bateu um papo com a reportagem do JC e falou sobre a sua trajetória. Confira os principais trechos.






















JC – Como foi seu começo e de onde surgiu o apelido ‘El Gato’?
Elguera – 
Comecei em 1970, aos 8 anos. O shape era pequeno, eu ainda não

dava manobra, só ficava dando ‘rolezinho’. Aliás, naquela época não tinha muitas
manobras. No começo dos anos 70 não tinha proteção, e quando a gente caia,
eu caia em pé, como um gato, por isso o apelido.

JC – E os mundiais, quando foram?
Elguera – 
Em 1979 e 1980. Fui bicampeão mundial e naquela época fiz

manobras que não existiam, como o elguerial, rock’n roll, fakie ollie, invert, 
e muitas outras.
Em 1980, depois do segundo mundial, eu não estava me preenchendo,
me sentia vazio, e comecei a procurar o porque disso. 
Eu achei que chegando ao topo do mundo preencheria isso, mas foi o contrário.
Comecei a usar drogas, a beber.
E depois de três anos nessa vida, me converti a Jesus.

JC – E quando você voltou ao skate?
Elguera –
 Eu passei a servir a Deus. Três anos depois desse ocorrido eu voltei

a andar de skate. Eu pensei comigo mesmo:
 “Não estou mais no topo, como voltar?”.
Mas vi que não tinha que voltar por mim, mas com um novo propósito. 
Isso foi em 1986. Voltei a competir, em bom nível, consegui ficar entre 
os primeiros em vários campeonatos.

JC – E o Brasil, qual foi a 1ª vez que veio para cá?
Elguera –
 Foi em 1987. Naquela época não tinha muitos campeonatos fora dos 

Estados Unidos.
Eu lembro que era em São José dos Campos e eu não estava em um dia bom, 
quebrei o tornozelo. Mesmo assim continuei andando, porque tinha muita gente 
que estava lá só para me ver, não queria desapontar o pessoal.

JC – Qual foi seu grande adversário no skate?
Elguera –
 Tony Walk, com certeza é o skatista mais famoso do mundo 

(12 vezes campeão mundial de vertical). 
Me sinto muito honrado em ter criado manobras que ele utilizou também, 
em ter influenciado. 
O Eric Koston foi outro grande skatista na época, especialista em street.

JC – Sobre os skatistas brasileiros, o que pode falar a respeito?
Elguera – 
O Brasil sempre teve grandes nomes. Bob Burnquist, 

que é meu amigo, Sandro Dias, Sérgio Barros, Sérgio Negão. 
Se eu ficar falando fico uma tarde inteira (risos), 
tem muito cara bom aqui! E tem skatistas novos, como o Murilo Peres.

JC – Você é descendente de mexicanos. Qual sua relação com a 
América Latina? Parece que fala bem o espanhol...
Elguera – Sim, meu pai nasceu no México e foi para a Califórnia com 
17 anos de idade. 
Eu já nasci nos Estados Unidos. Eu sempre visitava meu avô no México 
e naquela fase  que eu parei com o skate quis ficar morando lá,
 cuidando do rancho dele, mas vi também que lá não seria o meu lugar. 
Quanto ao espanhol, acho que falo mais ou menos bem. Um ‘poquito’ (risos).

FONTE: JC NET (JORNAL DE BAURU)

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